As águas do Rio São Francisco que deverão chegar à Paraíba por meio das obras de transposição podem não ser suficientes para atender a demanda de consumo humano e irrigação no estado, segundo especialistas. Com mais de 3 mil quilômetros de extensão, o rio passou por maus momentos entre 2014 e 2015, quando a nascente quase secou. Mesmo existindo essa preocupação, as autoridades do Estado acreditam que esta ainda é a única saída em busca da segurança hídrica.
O rio passa por cinco estados (Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas) e com a transposição deve chegar a mais três: Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte. Entretanto, a situação do São Francisco e das barragens ao longo do curso da água preocupam os pesquisadores. Em Sobradinho, na Bahia, por exemplo, a barragem local está com pouco mais de 30% da capacidade e é dela que a água vai escoar para a Paraíba, passando por Pernambuco.
Segundo o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco, Anivaldo Miranda, um problema que pode influenciar no abastecimento é que o rio é responsável pela geração de energia elétrica de todo o Nordeste. “A lógica está voltada para a geração de energia. Cada vez que diminui a vazão, causa má qualidade. Tem comunidade da própria bacia que está sem abastecimento. O sistema elétrico não pode depender tanto do São Francisco”, afirmou. Só em Sobradinho, por exemplo, dos 34 bilhões de metros cúbicos da capacidade, mais de 80% são usados na hidroelétrica