Agricultores, piscicultores e moradores deste município e de Quixelô, no Centro-Sul do Estado, realizaram uma pequena manifestação, na manhã de ontem, na parede do Açude Orós, em protesto à decisão de transferência de água do referido reservatório ao Açude Castanhão. Segundo eles, a medida vai causar grande impacto em milhares de famílias ribeirinhas que dependem, exclusivamente, das águas do manancial para sobreviverem.
O presidente da associação dos irrigantes de Icó, Valdeci Alves Ferreira, se diz preocupado com a grande quantidade de água a ser liberada pelo Orós. Ele relata, ainda, que não está ocorrendo vazão para o Açude Lima Campos, o que compromete ainda mais a agricultura irrigada de 65 colônias. Segundo ele, somente no perímetro Icó/Lima Campos são sete mil pessoas que trabalham na agricultura irrigada, numa área de 10.400 hectares. "É um absurdo o que estão fazendo com a gente", desabafa. O irrigante afirmou também que ele e mais dois presidentes de associações entraram com ação na Justiça Federal para garantir a sobrevivência das comunidades envolvidas com a agricultura no local.
Em Orós, segundo informou o membro do Comitê da sub-bacia do Alto Jaguaribe, Paulo Landim, o número de afetados será grande. "A colônia de pescadores possui 1,2 mil cadastrados. Fora isso, são 700 famílias que vivem da produção de tilápias e 12 comunidades, com cerca de 60 famílias cada, também dependem diretamente das águas do manancial. A quantidade de pessoas prejudicadas será significativa", acrescenta.