Após um dia quase só de cantoras e pop mais teen, o sábado (17) de Rock in Rio USA foi quase todo voltado para sons que bebem do R&B e da música soul. Teve groove de todo o tipo na despedida do festival.
Outra tendência que ficou clara foi o fato de o palco Evolution, o segundo maior, receber atrações antes associadas a outros artistas. Charlie XCX, Magic! e Mikky Ekko compunham para popstars antes de se arriscarem por conta própria.
Bruno Mars
Estar no auge deve ser isso aí. Bruno Mars foi de coadjuvante de luxo (é famoso por parcerias) a um dos mais completos popstars vivos. O cantor americano fez show direto ao ponto: 15 músicas em pouco mais de uma hora. Toca guitarra ("Billionaire"), dança sozinho cheio de molejo ("Show me") e faz coreografias com sua banda, no estilo Jackson 5.
Sem pausas e sem pressa, Bruno vai pulando de música em música. Vai dos gemidos e contorcidas sensuais ("Our first time") ao hit dos pedidos de casamento ("Marry you", bem aquém do resto do repertório).
Depois de "Nothing on you", dispensa a banda. Só com pianista, a balada "When I was your man" foi gritada verso a verso pela plateia, cheia de casais. Comoção parecida veio com a igualmente romântica "Just the way you are".
Como festivais pedem concessões, Bruno tocou ainda "Uptown funk", que deixa de lado nos shows. A canção é cantada por ele, mas está em disco do inglês Mark Ronson.
O norte-americano John Legend se apresenta no último dia de festival (Foto: Divulgação)
John Legend
É maldade, mas qualquer observador menos atento notou. Em nenhum outro show, o gramado teve tanta gente sentada. Entretida, mas sentada.
Culpa de baladas tão sonolentas quanto bonitinhas como "Caught up" e "Ordinary people". Só "Green light" deu uma agitada.
"Meu amigo Sam Smith deveria estar aqui... Fizemos uma canção juntos recentemente e vou cantá-la agora", disse, antes de "Lay me down". Sam cantaria no Rock in Rio, mas cancelou por ter que operar as cordas vocais.
Escalado para substituir o amigo, Legend tocaria no palco menor. Lidou bem com o upgrade: ainda mais com "Glory" (ganhadora do Oscar, pelo filme "Selma") e a radiofônica "All of me" no fim.
Joss Stone se apresenta no festival em Las Vegas (Foto: Divulgação)
Joss Stone
Descalça e com vestido esvoaçante, Joss pouco muda com o passar do tempo. Apresentou set igual ao tocado em março no Brasil.
A voz da cantora inglesa de neosoul (ah, esse rótulo) é inegavelmente precisa, mas falta algo ali. Alma, talvez.
Mas há certa espontaneidade. Ela falou de BB King, morto na última quinta-feira (14), e se mostrou incomodada com as batidas da tenda eletrônica.
Por isso, encurtou a balada "Right to be wrong". Simpaticona, ainda disse "Obrigada" para um fã com bandeira do Brasil na primeira fila.
A banda Empire of the Sun se apresenta no último dia de festival nos Estados Unidos (Foto: Divulgação)
Empire of the Sun
Em qualquer festival, o duo australiano destoa das outras atrações. Em um dia de programação tão coesa, as bizarrices do Empire of Sun ficaram ainda mais bizarras.
O som tem sintetizadores nervosos, como em "Walking on a dream" e "Tiger by my side". O pop meio enjoativo com vozes processadas botou gente para dançar.
A banda Magic! se apresenta no último dia de Rock in Rio USA (Foto: Divulgação)
Magic!
De onde veio a mais que memorável "Rude", não parece que vai sair mais algo de bom, viu. O baterista usa camisa da Jamaica, o vocalista confunde pose com preguiça e por aí vai.
Tudo parecia um rascunho mal escrito do Police, até que veio uma cover de "Message in a bottle", do Police.
"Se não dermos um passo para a conscientização, nunca teremos paz no mundo, essa música se chama 'No Evil'", anunciou o vocal. Chuta de qual banda ela parece ser?
Público acompanha apresentação do rapper Big Sean, no último dia de festival (Foto: Divulgação)
Big Sean
O rapper atraiu mais curiosos do que fãs ao abrir a programação do palco principal.
Falou bastante e rápido entre as músicas. Falou bastante e rápido durante as músicas. "Quem me ama levanta a mão", convocou. Contei 20.
O americano Mikky Ekko foi um dos destaques do Rock in Rio USA (Foto: Divulgação)
Mikky Ekko
O americano foi a grande surpresa, mesmo tocando para poucos. Dava para contar nos dedos (das mãos e dos pés) quem estava de fato prestando atenção no começo do show do rapaz de 30 anos e um disco recém-lançado.
Quem fez isso não se arrependeu. Além de "Stay", bela balada desesperada feita por ele e gravada com Rihanna, ele mostrou ser um artista para se ficar de olho.