Três casos de microcefalia foram confirmados em Mato Grosso pelo governo do estado nesta quinta-feira (10), sendo um deles relacionado ao vírus da zika, doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, que também é o vetor da febre chikungunya e da dengue. Os dados foram divulgados pelo Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde, da Secretaria estadual de Saúde (CIEVS/SES).
Segundo o informe, o único caso que teve o diagnóstico conclusivo para o vírus da zika é de Cuiabá, sendo que a amostra usada foi coletada da placenta, durante a gestação, após a mãe apresentar sinais e sintomas de estar com o vírus da zika. Os outros dois casos são do município de Sorriso, a 420 km da capital, e foram confirmados por critério clínico-radiológico.
Até o momento, 178 casos suspeitos de microcefalia foram notificados em 28 cidades do estado. Destes, 123 continuam sob investigação e 52 foram descartados para microcefalia e outras alterações do sistema nervoso – sugestivas de infecção congênita – após reavaliações, em consultas médicas, do perímetro cefálico junto à curva de desenvolvimento infantil da Organização Mundial da Saúde (OMS).
De acordo com o governo, Mato Grosso também registrou cinco mortes por microcefalia sob investigação, sendo dois casos em Cuiabá, um em Guarantã do Norte e dois em Mirassol D'Oeste, a 721 km e 329 km da capital, respectivamente. As mortes, segundo a SES, ocorreram após o parto ou durante a gestação.
Novo critério
O Ministério da Saúde anunciou na quarta-feira (9) que, seguindo recomendação da OMS, mudou o critério para considerar bebês com microcefalia. A medida do perímetro cefálico em recém-nascidos passa de 32 cm para 31,9 cm em meninos e 31,5 cm em meninas. Em dezembro, o parâmetro para diagnóstico da doença já havia diminuído, passando de 33 cm para 32 cm.
As alterações têm como objetivo padronizar as referências para todos os países, valendo para bebês nascidos com 37 ou mais semanas de gestação. A medida é feita na cabeça, logo acima dos olhos, e varia conforme a idade gestacional do bebê. Segundo o Ministério da Saúde, para a população brasileira, 33 centímetros é considerado normal.
Aumento da dengue
A SES-MT também divulgou que já foram notificados 13.368 casos de dengue no estado apenas neste ano, o que representa aumento de 282% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram notificados 3.498 casos.
Dos 141 municípios mato-grossenses, 128 notificaram casos e 65 deles apresentam incidência acima de 300 casos a cada 100 mil habitantes, considerados como de alto risco de transmissão da doença. Foram registradas três mortes pela doença, sendo uma confirmado em Juína, a 737 km de Cuiabá, e dois em investigação em Aripuanã e Canarana, a 976 km e 838 km da capital, respectivamente.
Zika e chikungunya
Em relação ao vírus da zika, já são 9.092 casos suspeitos em 107 municípios de estado. No ano passado foram 8.535 casos notificados. Neste ano, os municípios com os maiores números de casos são Tangará da Serra (804), Várzea Grande (727), Barra do Garças (649) e Cuiabá (403).
Mato Grosso registrou, ainda, 450 casos suspeitos de febre chikungunya apenas este ano. No ano passado, foram 313 casos notificados. No entanto, segundo a Secretaria estadual de Saúde, os números podem sofrer alteração devido a atrasos nas atualizações dos sistemas de informação dos municípios. Até o momento, 97 municípios não notificaram casos de febre chikungunya, enquanto o município de Campo Novo do Parecis, a 397 km de Cuiabá, apresenta alto risco para transmissão da doença, com 182 casos notificados, o que representa uma incidência de 569/100 mil habitantes.
Prevenção
A orientação da Saúde estadual é que as gestantes adotem medidas que ajudem a reduzir a presença do mosquito transmissor, com a eliminação de criadouros. Elas ainda devem se proteger da exposição aos mosquitos, mantendo portas e janelas fechadas ou teladas e usar calça e camisa de manga comprida, além de repelentes permitidos para gestantes.
Além disso, outros cuidados simples que podem ser tomados por todos em suas residências para evitar o acúmulo de água parada e a proliferação do mosquito transmissor são fechar a caixa d’água de forma adequada, não acumular vasilhames, lixos e embalagens no quintal, verificar se as calhas não estão entupidas e colocar areia nos pratos dos vasos de planta.