A falta de chuvas causou enormes prejuízos aos agricultores da região de Alto Garças, a 366 km de Cuiabá, neste ano. Conforme a Secretaria Estadual de Cidades (Secid), que assinou o decreto de situação de emergência no município, a perda, principalmente com a safra de milho, está estimada em R$ 17 milhões. Essa é a mesma estimativa da Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso (Aprosoja-MT).
O decreto foi assinado nesta terça-feira (14) e encaminhado à Casa Civil para a publicação do Diário Oficial do Estado, segundo a pasta.
A situação foi acompanhada pela Secretaria Adjunta de Proteção e Defesa Civil. O cálculo da Defesa Civil é de que pelo menos 1.600 pessoas tenham sido atingidas com a estiagem em Alto Garças.O decreto, que vai vigorar por 180 dias, a partir da publicação, vai ajudar os agricultores prejudicados com a estiagem a negociar com instituições financeiras possíveis juros e multas.
O delegado da Aprosoja, Juliano Boff, calcula uma perda média de 40% e 50% nas lavouras daquela região. "O plantio feito mais cedo tem menor perda, mas o plantio mais avançado perdeu bem mais. Tem perda de 50% e 60% e alguns não produziram nada. Tem áreas boas, de solo fértil, que não produziram por falta de chuva", explicou.
Média de produção por hectare caiu pela metade (Foto: Reprodução/ TV TEM)
Na fazenda de Juliano Boff, por exemplo, eram produzidas de 50 a 60 sacas de soja por hectare e, nessa última safra, essa média caiu para 37 sacas. Em outras áreas, a produção foi ainda menor e algumas chegaram a colher 15 sacas por hectare.
O volume de chuvas reduziu gradativamente nos últimos três anos, segundo o agricultor. "Na nossa propriedade já tem três anos que está havendo diminuição da chuva. Já em outras regiões, a situação se agravou mesmo neste ano", afirmou Boff.
Descumprimento de contrato
Com a produção bem aquém do esperado, os produtores não conseguirão cumprir os contratos firmados com as empresas que compram os grãos para a exportação. "Tem que cumprir o contrato feito com as tradings. Antecipadamente é fixado o preço e a quantidade de produto a ser entregue. Agora tem muitos [produtores] que não vão conseguir cumprir os contratos e nem pagar os financiamentos", lamentou.
Segundo ele, esse decreto é um argumento a mais que os produtores têm para negociar com os bancos e as contratantes.
Na safra passada, a produção de milho em Mato Grosso passou de 26 milhões de toneladas. A estimativa do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) para essa safra é bem menor, de pouco mais de 21 milhões de toneladas.
Fonte:http://g1.globo.com/mato-grosso