Os produtores de soja em Mato grosso estão preocupados com os custos da lavoura que, neste ano, aumentaram bastante. O plantio da principal safra de grãos do estado terá início a partir do dia 15 deste mês, quando termina o vazio sanitário, e mais de 90% dos agricultores já compraram os insumos que irão precisar.
O produtor Gilberto Baldissera, que possui uma fazenda em Sinop, município a 503 km de Cuiabá, afirma alguns produtos subiram até 25% desde o ano passado, aumentando, assim, o quanto ele terá que gastar para plantar a lavoura de 1.600 hectares que possui.Segundo ele, dois itens estão pesando mais nas despesas da lavoura: sementes e defensivos. As contas, conforme ele explica, são feitas em sacas de soja. No ano passado, foram necessárias 36 sacas por hectare para cobrir todos os custos, desde o plantio até a colheita. Como a saca, na época, estava cotada em R$ 52, ou seja, o agricultor gastou R$ 1.872 por hectare plantado.
No entanto, para a próxima safra, Baldissera estima que gastará, do plantio a colheita, 40 sacas por hectare. Como hoje o valor da saca no mercado custa R$ 70, o produtor teve que desembolsar R$ 2.880 para plantar um hectare de soja. “Você não reduz os custos, só vai vender menos e receber menos. Isso dói, é difícil”, lamentou.
Para o agricultor Jaime Farinon, que possui uma fazenda de 2.400 hectares em Cláudia, a 608 km da capital, os custos com combustível e maquinário, bem como da semente, também estão pesando no orçamento. Segundo ele, no ano passado foi gasto 240 reais por cada saca de semente 40 kg. Hoje, ele está pagando R$ 300 pela saca para o cultivo da próxima safra.Colheita
Segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), Mato Grosso deve colher quase 29,3 toneladas de soja na próxima safra, cerca de 1,8 mil toneladas a mais do que na safra passada, ainda que a área plantada com soja no estado seja semelhante ao ano passado, aproximadamente 9,2 milhões de hectares. Por isso, a única saída dos produtores é potencializar a produção e torcer para, neste ano, o tempo não atrapalhe o cultivo.
“Já estamos corrigindo a área e colocando fósforo nas terras para produzir mais, porque, com o custo alto, se você não fazer produzir mais ficará difícil”, avaliou o produtor Gilberto Baldissera.